7.10.08

A distância parecia conjugar verbos irregulares

"Há pessoas que não nasceram para o sorrir.
Não possuem canto, não são melodia, não têm encanto.
Os pertos não conseguem chegar perto.
Os longes cada vez mais se distanciam, esquecem-se até de voltar.
O seu modo de ver não é possuído de luar, não tem brilho.
Não sabem sonhar, não sabem definir, desenvolver um tema, temem-no.
Tudo se faz mistério de coisas que se perdem na implacável imobilidade; feito ventre adormecido para o poder da criação.
O seu interior/alma tem compartimentos, mas não compartilham.
O exterior apresenta-se “bonito”, aparenta felicidade, porém, é apenas um disfarce.
Talvez algum dia quando tiverem a coragem de dar um mergulho em seu interior e jogarem todo o lixo fora, quem sabe assim, possam pensar em esperanças de mudanças, de realização de sonhos, e a própria vida terá vida, caminharão caminho dos possíveis.
Assim sendo, uma implosão de afetos explodirá em seus diferentes graus de complexidade, e tudo tornar-se-á mais simples.
Os amanhãs terão manhãs de sol, fazendo mudar nuvens escuras de chuva, possível cenário tempestuoso.
Compreenderão que aquilo que se fazia até então parecer sofrimento, não passara de uma má interpretação dos fatos, e ou desejos.
Verão que caminhos dantes bloqueados, travados, mal administrados pelo desinteresse, ignorância, passarão a adquirir novos rumos, perspectivas de grandes realizações, revelações; até aquelas em que a distância parecia conjugar verbos irregulares.
Então, por que não se abrir às belezas da vida?
Por que não buscar o seu perfume predileto?
Há caminhos de flores esperando.
De quando em vez, acreditar no inacreditável, senão, como ficará a nossa fé?"

Cassimiro do Ó (Médico psiquiatra)
Texto publicado no JORNAL DA PARAÍBA.

Ps.: Conheço gente assim...serelepe, serelepe...mas não sabe sonhar por si, precisa dos sonhos alheios!

Nenhum comentário: